Arquivo mensal: julho 2012

Perfeccionismo: virtude ou defeito

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Realizar atividades laborais com dedicação, responsabilidade e correção dentro dos padrões desejados é dever de todos. Fazer o que há de melhor dentro das condições e possibilidades é responsabilidade social de cada um. Se empenhar para obter melhores resultados e contribuir para a melhoria da qualidade do que se faz é ético, moral e saudável. É natural buscar-se a satisfação e o reconhecimento que uma tarefa bem-feita proporciona. Estabelecer critérios pessoais de qualidade e trabalhar firme para atingi-lo é fator indispensável para a sobrevivência no competitivo mercado de trabalho de hoje. Perder o controle nessa procura tornando o que é desejável em atitude perfeccionista a ponto de se tornar escravo de suas próprias exigências, transformando-se num eterno insatisfeito com resultados, já é sintoma de doença. É lógico que sem o cuidado insistente com a qualidade, as coisas não saem bem feitas, de acordo com o padrão de quem é criterioso e exigente com o que faz. Perfeccionistas geralmente são pessoas responsáveis, entusiastas, competentes e comprometidas. São capazes de assumirem várias atividades ao mesmo tempo, sem prejuízo da qualidade. Esse é o pólo positivo e que realmente faz a diferença nas conquistas e no mercado de trabalho. O problema está no equilíbrio vital do comportamento perfeccionista, pois quando o limite de suas energias é ultrapassado aparecem prejuízos significativos para a sua saúde física e mental. Portanto, o problema não está propriamente em possuir essas características que são reconhecidamente ingredientes importantes do sucesso profissional, mas em dar-lhes contornos excessivos que, não raro, adquirem conotações patológicas, transformando-se em verdadeiros empecilhos à conclusão de qualquer atividade ou projeto.  Apesar de serem ingredientes importantes do sucesso profissional, quando em excesso o detalhismo e o perfeccionismo tendem a se transformar em empecilho ou obstáculos ao bom desempenho laboral. Diante de um mundo tão exigente, as pessoas de um modo geral, têm exigido o máximo de si mesmo. O perfeccionismo freqüentemente é visto em nossa sociedade como desejável ou mesmo necessário para o sucesso. Porém quando não adequadamente controlado pode ser indicativo de uma personalidade rígida, inflexível, intransigente, intolerante, extremamente ambiciosa, ou até mesmo obsessiva. Por conta de serem detalhistas, perdem muito tempo, desgastando-se mais que os outros, na realização de uma mesma tarefa, sentindo-se com freqüência frustradas. Diante da busca pelo sucesso, desenvolvem uma característica de auto-exigência, muitas vezes, cruel, uma espécie de tirania dos deveres. Nesta tirania, refazem tanto seu trabalho que acaba perdendo em originalidade. O perfeccionismo manifesta-se como um jogo de pensamentos e de comportamentos circulares, com desafios e exigências cada vez maiores, visando alcançar objetivos muitas vezes, irrealistas e/ou excessivamente elevados. Isto pode levar a resultados de auto-derrota, a frustração e impotência, quando o custo benefício entre energias gastas e tempo despendido em determinada tarefa não for compensatório. Padrões de exigência irrealísticos são, por definição, impossíveis de serem alcançados. O perfeccionismo pode transformar em empecilho e atrapalhar o sucesso das pessoas quando relacionado a sentimentos como: baixa auto-estima, medo de rejeição, intolerância a critica, necessidade de aprovação, carência afetiva, medo do fracasso, auto-depreciação, ansiedade, O perfeccionista pode adotar posição radical, tudo ou nada, 8 ou 80, onde não cabe meio termo. Este tipo de comportamento pode acarretar conflitos pessoais, conjugais, familiares e profissionais, sobretudo, pela dificuldade de convivência com os demais, pois passa a exigir o mesmo comportamento das pessoas, não aceitando as coisas de outra maneira que não a sua.  Além disso, pesquisadores da atualidade buscam compreender os elementos constituintes do perfeccionismo e sua possível relação com patologias como Transtorno Alimentar, Depressão, Transtorno de Ansiedade, Comportamentos Obsessivo-compulsivos e até Comportamentos Suicidas. Seu perfeccionismo está sob controle? Você coloca a maioria de suas metas tão absurdamente altas para você mesmo que torna os fracassos inevitáveis? Seu perfeccionismo lhe acarreta conflitos emocionais interferindo em sua saúde física e emocional? O indivíduo com personalidade perfeccionista pode mudar sua conduta, porém, para isso é preciso se engajar num processo de autoconhecimento e admitir que necessite de ajuda.   Profa. Dra. Edna Paciência Vietta Psicóloga/ Psicoterapeuta    s

Envelhecer com qualidade de vida

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Nas últimas décadas, o Brasil registrou redução significativa da população jovem e aumento no número de idosos. A população com 65 anos de idade ou mais, que era de 4,8% em 1991, passou para 5,9% em 2000 e chegou a 7,4% em 2010. Até 2025, segundo a OMS, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos.

Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é meta fundamental para indivíduos nessa faixa etária. Além disto, o envelhecimento ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas – amigos, colegas de trabalho, vizinhos, membros da família e Igreja. Esta é a razão pela qual interdependência e solidariedade entre gerações são princípios relevantes para o envelhecimento ativo.

Os fatores psicológicos, que incluem a inteligência e capacidade cognitiva (a capacidade de resolver problemas e de se adaptar a mudanças e perdas), são indícios fortes de envelhecimento ativo e longevidade.

Durante o processo de envelhecimento normal, algumas capacidades cognitivas como a rapidez de aprendizagem e memória diminuem naturalmente com a idade, no entanto, essas perdas podem ser compensadas por ganhos em sabedoria, conhecimento e experiência. Freqüentemente, o declínio no funcionamento cognitivo é provocado pelo desuso (falta de exercício ou de prática), doenças (como depressão, estresse, ansiedade), fatores comportamentais (consumo de álcool e medicamentos), fatores psicológicos (falta de motivação, segurança e baixas expectativa), fatores sociais (solidão, isolamento), do que pelo envelhecimento em si.

Outro fator psicológico, adquirido ao longo da vida, de grande influência no envelhecimento é a autonomia. Saber superar adversidades, se adaptar às mudanças e às limitações normais do processo de envelhecimento, também são fatores importantes nesse processo. Homens e mulheres que se preparam para a velhice e adaptam-se às mudanças, apresentam melhor ajuste em sua vida depois dos 60 anos.

Envelhecer é uma evolução normal da vida e esta fase pode e deve ser vivida com qualidade. Precisamos rever o conceito de velhice de acordo com as mudanças ocorridas neste século.

A velhice é uma construção social, uma produção histórica, assim como os demais períodos da vida, e como tal, seu significado é diferente em cada sociedade e em cada tempo histórico. Em nossa sociedade – ocidental moderna – vivemos o paradoxo de aspirar uma vida mais longa ao mesmo tempo em que recusamos as limitações e marcas do envelhecimento.

A velhice é mais relativa hoje, do que antes, já que, em todo momento, acrescentam-se mais anos às nossas vidas. O que vai definir tal condição são as perspectivas futuras, é o quanto podemos ainda estabelecer metas, construir projetos.

Ora, a natureza humana não deve ser pensada somente como biológica, mas também e simultaneamente, como natureza cultural.

Nossa sociedade mitificou e mistificou a juventude, no imaginário social, como sendo o melhor tempo da vida. Suas características são exemplos a serem copiados pelas demais fases da vida. Assim, o novo mal-estar da cultura é “envelhecer em um mundo permeado pelo imperativo do novo”, onde o corpo idoso é o avesso do modelo corporal do poder. Há a desvalorização do saber dos mais velhos em favor do novo, da beleza e da juventude (MUCIDA, 2006),

Uma análise sobre as relações entre envelhecimento e curso da vida, nos conduz a importantes debates sobre as perspectivas para o futuro: como moeda, de um lado, a valorização do jovem e a repulsa ao declínio do corpo e, de outro, a recusa da morte e o desejo de prolongar a vida.

Neste contexto a psicologia tem buscado ajudar às pessoas a aceitarem sua condição no decurso da vida, de forma natural, saudável e participativa, motivando-as a viver bem, aproveitando as oportunidades de realização de sonhos ainda não vividos. Ajudá-las a se adaptarem às transformações do mundo moderno, procurando estar sempre atualizados, manterem espaços conquistados ou conquistar novos espaços. Melhorar a autoestima, o autoconhecimento e a descobrir novos talentos. Evitar a ociosidade, desânimo, pessimismo, medo, tristeza, estresse, ansiedade, depressão e estarem atentos e cuidadosos à saúde física e emocional.

Profa Dra Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

Situações que podem levar à necessidade de ajuda psicoterápica.

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Se suas reações estão se tornando cada dia mais descontrolada, se tensão e ansiedade estão interferindo no desempenho de suas atividades cotidianas, sua auto-estima está diminuída, as pessoas a sua volta estão queixando de sua hostilidade ou indiferença, se você se sente deprimido, desmotivado, pessimista, irritado por qualquer motivo, é bom fazer um balanço pessoal e procurar descobrir o que está acontecendo de errado com você.

Não é preciso entrar em pânico! Muitas pessoas têm medo de descobrir que não estão bem emocionalmente, e não tomam nenhuma atitude para melhorar sua condição de vida. Fugir para não encarar a realidade, não é a decisão mais adequada, tentar esconder o que se sente pode impedir de se caminhar em direção à busca de solução eficaz.

Você pode estar atravessando uma crise existencial, um momento de perturbação transitória, ou mesmo, uma perturbação mental que, se administrada em tempo, poderá evitar muitos problemas e conflitos em sua vida pessoal, familiar, profissional e social.

Em situações de crises, é freqüente e comum necessitarmos de alguém que nos ajude a entender o que se passa conosco, e a nos apropriarmos de nossa visão interior, buscando o autoconhecimento, apreendendo a reconhecer nossas emoções e avaliar nossos sentimentos. Ás vezes, a ansiedade atinge níveis tão alto que não conseguimos reagir sozinhos, necessitando contarmos com ajuda de terceiros, até que possamos recuperar nossas forças para retomarmos a direção construtiva.

A decisão de buscar ajuda profissional qualificada, não deve ser um recurso subestimado, nestas situações. É possível que em determinados momentos da vida nos sintamos despreparados, incapazes, impotentes ou mesmo impossibilitados de solucionar nossos próprios conflitos, outras vezes, a situação a ser enfrentada pode ser tão complicada que não seja possível solucioná-la em curto prazo, neste caso precisamos de ajuda para aceitá-la, suportá-la ou enfrentá-la de forma transitória ou definitiva. É o caso, de uma doença grave, da perda de um ente querido ou de uma separação inevitável entre outras causas.

Existe uma tendência forte em nossa sociedade, de cobrar das pessoas a darem conta de todos os seus problemas emocionais sozinhos, de nunca fraquejarem, de sofrem caladas. Esta cobrança advém da alta competitividade e do grau de exigência cada vez maior em ser o melhor, que permeia a sociedade capitalista globalizada. Neste contexto, um pedido de ajuda pode significar erroneamente um estado de fragilidade, dependência. A tendência é, portanto, o indivíduo se retrair, se isolar, negar ou omitir seu sofrimento. É preciso vencer esse preconceito e buscar ajuda. Assim como você vai ao médico quando está com febre, dor ou qualquer enfermidade física, ao dentista quando tem dor de dente, o sintoma emocional também pode ser uma condição incômoda e desconfortável necessitando igualmente de intervenção profissional.

Podemos citar algumas situações que podem levar às pessoas a necessitarem de ajuda psicológica ou psicoterápica. Como qualquer outra lista de tal natureza, esta não é completa, porém, nos oferece alguns indicativos possíveis para esta busca. Além de quadros definidos e freqëntes como: Distúrbios de Ansiedade: Ansiedade Generalizada, Fobias ( Social, Específica), Síndrome do Pânico, Obsessões e Compulsões, Manias, Depressões e outras perturbações mentais mais graves, destacamos como, situações comuns presentes no dia-a-dia de todo ser humano.

Perda do cônjuge por morte ou divórcio, perda de entes queridos.

Enfermidades (crônicas ou graves) orgânicas ou psicossomáticas.

Stress ou tensões no trabalho, perda de emprego, aposentadoria.

Conflitos conjugais, familiares (com filhos, sogros, mãe, pai, etc).

Problemas de ordem afetiva (namoro, casamento) e sexuais.

Exposição à humilhação, fracasso profissional, insatisfação profissional, dívidas

e perdas financeiras.

Problemas de auto-imagem e de baixa auto-estima.

Ansiedade, dificuldade para relaxar, insônia.

Dar demasiada importância a um único aspecto da vida.

Possuir objetivos de vida incertos e mal definidos. (só para citar alguns).

A boa notícia é que recorrendo-se a ajuda de profissionais qualificados e experientes, em momentos de crises, muitos conflitos poderão ser evitados, já que o diagnóstico precoce é o tratamento efetivo são grandes aliados da cura e reabilitação nestes casos.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

Você é Workaholic ou Worklover?

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A busca para alcançar sucesso profissional a qualquer preço, e a luta para corresponder ao perfil de empreendedor como exigência do mercado de trabalho, vem produzindo um tipo profissional que os americanos batizaram de Workaholic, termo inglês que significa viciados em trabalho. Este tipo de trabalhador se dedica de corpo e alma ao trabalho e estão sempre ligados ao celular e/ou, ao leptop com, os quais passam o final de semana trabalhando. Abominam a ociosidade e são incapazes de relaxar. São pessoas que dormem mal (quando dormem), passam a noite rolando na cama, repassando a agenda do dia anterior, preocupadas com a agenda do dia seguinte.

São executivos que se sentem incomodados e intranqüilos quando se afastam de suas atividades laborais aos finais de semana, feriados ou nas férias. São encontrados com freqüência no escritório ou em seu ambiente de trabalho, após o expediente. A profissão é a atividade mais importante de sua vida, mais do que sua vida pessoal e social. Geralmente apresentam sintomas que o acompanham, como dor de cabeça, problemas digestivos, insônia, irritabilidade, tensão, taquicardia, falta de ar, tonturas, mal estar indefinido, insegurança, dificuldade de concentração, mau humor, falta de disposição para o sexo e outras queixas, sempre muito ocupados para buscar ajuda. Chegam em casa cansados demais para desfrutar do convívio familiar, sendo este geralmente o motivo ou a causa das desentendimentos conjugais. No relacionamento social acabam desadaptadas, se limitando aos assuntos de negócios com dificuldades em se entrosarem quando o assunto é corriqueiro, como, cinema, teatro, coisas do dia-a-dia, atualidades. Estão sempre ocupadas e com pressa, como quem não tem tempo a perder.

Muitos se orgulham de ser Wokaholic, e até pouco tempo esse título poderia ser motivo de orgulho e recompensa se estudos não levassem a conclusão de que a produtividade é maior, quanto menos sobrecarregado for o trabalhador. Quando empresas modernas descobriram que proporcionando descanso aos seus funcionários e evitando a sobrecarga de trabalho melhoravam significativamente sua produtividade. Pesquisas confirmam que este método funciona e que além de produzir mais com qualidade, diminuem as ausências de funcionários por doenças (absenteísmo), tanto própria quanto, de seus familiares.

É importante esclarecer que o problema não é trabalhar muito, mas saber distinguir as fronteiras entre a vida profissional e a pessoal, conciliando trabalho e lazer. O workaholic não consegue ter vida pessoal e social nem tirar prazer e desfrutar da vida fora do trabalho. São pessoas incapacitadas para usufruir seu tempo livre, pois apresentam alto nível de ansiedade e se acostumaram a conviver com o estresse utilizando o trabalho como válvula de escape

Novos estudos afirmam existir uma versão mais saudável desse perfil, o worklover (o que tem amor ao trabalho), pessoa que trabalha muitas horas por dia e, não obstante, consegue encontrar equilíbrio. Ao contrário do workaholic, apesar de passar bastante tempo se dedicando ao trabalho, têm no trabalho uma fonte de prazer e é capaz de manter vida social paralela.

O trabalho é atividade necessária e imprescindível para uma vida saudável, porém, o homem não deve ser escravo do trabalho. O trabalho deve ser atividade prazerosa, que realiza e propicie alegria para viver com qualidade. Se o seu trabalho é seu único prazer, ou está sendo algo que o impede de compartilhar alegrias e prazeres com os que lhes são caros, algo está errado com você.

O Estresse prolongado, Doenças Somáticas, Depressão, Síndrome do Pânico e até o Infarto, pode ser uma estratégia do organismo para obter uma parada forçada. É o que acontece com o workaholic que só para de trabalhar quando a doença o impossibilita. Como psicóloga devo alertar: é melhor prevenir que remediar.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

Narcisismo: do Mito à realidade

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A pedido

 Muito se tem falado, nos dias de hoje, sobre o crescimento das patologias chamadas narcísicas que formam a base para os Transtornos de Compulsão e de Adição. Sem pretender o desenvolvimento de uma discussão mais ampla sobre a temática, buscaremos trazer uma breve noção do fenômeno em pauta – o Narcisismo.

O termo Narcisismo provém da Mitologia Grega, a história de Narciso, um jovem muito bonito que desprezou o amor da Ninfa Eco e, por isso, foi condenado a apaixonar-se por sua própria imagem espelhada na água. Este amor impossível o levou à morte, ao tentar abraçar sua imagem refletida no lago.

Narcisismo é o processo pelo qual o sujeito assume a imagem própria do seu corpo como sua, e se identifica com ela (eu sou essa imagem).

Narcisismo representa um modo particular de relação com a sexualidade. Em Psicanálise se diria que no Narcisismo a Libido estaria voltada para o Eu, ou para a obtenção do prazer a partir do Eu. A tendência do indivíduo, nesse caso seria a de alimentar uma paixão por si mesmo.

Segundo Freud, todos nós somos, de certo modo, um pouco narcisistas. No entanto, o Narcisismo em excesso dificulta o individuo a ter uma vida afetiva e sexual satisfatória. Assim podemos dizer que um certo grau de amor próprio é um processo fundamental para o nosso desenvolvimento pessoal e profissional, porém, quando em excesso pode refletir um  Transtorno Narcísico da Personalidade –TNP,

Freud subdivide o narcisismo em duas fases: Narcisismo primário e secundário: O Narcisismo primário corresponde à fase auto-erótica – o primeiro modo de satisfação da Libido, onde as pulsões buscam satisfação no próprio corpo. Nesse período não existe unidade do ego, nem diferenciação real do mundo. O Narcisismo secundário – ocorre em dois momentos: o investimento objetal e o retorno desse investimento para o Ego. Aqui o bebê já consegue diferenciar seu próprio corpo, do mundo externo, já identifica quais as suas necessidades e quem pode satisfazê-las.

O Narcisismo enquanto processo natural do desenvolvimento humano tem origem, quando o bebê, que está ali totalmente envolvido com ele mesmo, imaginando não haver outro a não ser ele, vai aos poucos percebendo a diferença entre ele e os outros (objetos). Se nesse momento o bebê receber cuidados adequados da mãe, da avó ou de outro cuidador e proteção paterna, ele desenvolverá uma auto-imagem pertinente e seu relacionamento com o outro e com o mundo transcorrerá de forma saudável. Caso haja falhas ou carências neste processo, ocorrerá o que chamamos de defesa narcísica, ou seja, quando adulto, o sujeito poderá desenvolver o desejo de não depender do amor de ninguém. Ele se basta, é a velha máxima “Eu me amo”.

No imaginário popular, o narcisista é visto como o indivíduo ego-centrado, que só fala de si mesmo e que não suporta rejeição, porém, seu maior problema é sua dificuldade em estabelecer vínculos afetivos estáveis e duradouros, e relacionamentos sexuais saudáveis, sobretudo, porque o compromisso amoroso não é seu objetivo, pois o outro, para o narcisista, será sempre um objeto a ser usado para fins de prazer.

O narcisista só se interessa por quem alimenta a imagem engrandecida e envaidecida que faz de si mesmo – o Eu Idealizado, Narcísico. Podemos dizer que as relações narcisistas são superficiais e insatisfatórias. Na verdade, o narcisista quer ser amado, admirado, porém, tem dificuldades de amar, sendo difícil a convivência social e afetiva com ele. Sente-se perfeito e superdotado, com qualidades especiais e sendo assim, ninguém é tão digno de seu amor quanto ele mesmo.

Como os narcisistas têm um sentimento grandioso de sua própria importância, esperam e exigem que os outros lhe atribua o mesmo valor. Assim, esperam que sua presença seja sempre notada e acolhida de forma triunfal.

Atrás dessa muralha de grandiosidade, a pessoa com fortes traços narcísicos é uma pessoa carente, frágil, com baixa auto-estima, que não carrega dentro de si qualquer representação de afeto pelo outro, o que vai culminar numa vida depressiva, sem sentido, com sentimentos de não realização e indiferença afetiva.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica