Arquivo mensal: maio 2013

Nossos pensamentos afetam nossas emoções e comportamentos

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        Nossos pensamentos afetam nossas emoções e comportamentos

O que pensamos influencia no que sentimos e conseqüentemente em nossos comportamentos. Assim, ter pensamentos mais adequados às situações traz como conseqüência emoções e ações mais eficazes. Diferentemente do que possa parecer nossos pensamentos definem nossas emoções e determinam nossos comportamentos. Há relação estreita entre o que se pensa, o que se sente, e a maneira como nos comportamos.

Você já parou para pensar quais são os pensamentos negativos que constantemente ocupam a sua mente? O que esses pensamentos querem te dizer? Você tem consciência de como isso atrapalha sua vida, sua saúde e seus relacionamentos?

Somos “bombardeados” por centenas de pensamentos ao longo do dia. Estes pensamentos ocorrem de forma involuntária, muitas vezes rápida e na maioria das vezes automática (pois mal os percebemos) surgem espontaneamente, em fração de segundos e podem ser verdadeiros ou falsos, geralmente se apresentam disfuncionais, na medida em que, muitas vezes, nem nos damos conta de sua existência, percebendo apenas a reação emocional dele decorrente.

Pensamentos automáticos podem ser palavras, imagens ou recordações e brotam em nossa mente o tempo todo e podem alterar nosso humor e nossas reações. Estes pensamentos são incômodos, infundados e contraproducentes. Exemplo Pensamentos negativos a respeito de si mesmo: “Eu sou incapaz” ou “Nada que faço dá certo”. Pensamentos negativos a respeito do mundo ou dos outros: “Minha vida não é boa” ou “Ninguém gosta de mim”, Pensamentos negativos a respeito do futuro: “Nunca serei alguém”, “Meu futuro é incerto e sem esperanças” ou “Não serei feliz”, “vão rir de mim”, etc. O perigo é que podemos assumir pensamentos automáticos como verdadeiros.  Aquela conhecida estratégia de contarmos até dez, faz sentido quando se relaciona pensamento automático, emoção e comportamento. O famoso pavio curto, aquele que não pensa para reagir, e age sem pensar, também pode ser aqui considerado.

A boa notícia é que é possível usar a nossa mente consciente para julgar e avaliar tais impressões e concluir se vamos aceitá-las ou rejeitá-las. 

Os processos cognitivos (pensamentos), não devem ocorrer de forma tão automática. Antes de deixar um pensamento dominar a percepção do evento, deve ser considerado que um evento pode ter mais de uma interpretação.

Se seu pensamento for muito acelerado há maior risco de que a emoção decorrente de pensamento automático (também em maior intensidade) seja imediatamente transformada em ação sem o devido confronto com a realidade e, ai, então, se exteriorizar em comportamentos irrefletidos: impulsividade, agressividade, ofensas, ou outras atitudes antes-sociais, reprovadas. Pode ter mais compulsões, mais irritabilidade, etc. 

Quando procuramos perceber uma situação além daquela que percebemos automaticamente, questionando-a, ampliamos nosso modo de interpretar a situação ou suas causa e agimos com mais adequação, mais sobriedade, mais educação, mais simpatia. Ao aumentarmos as possibilidades alternativas das causas ou resultados daquele evento, sobre o qual pensamos automaticamente, temos como resultado ampliar nosso foco de visão, fazendo com que nossa percepção seja confrontada com a realidade. Admitindo outras possibilidades de interpretação dos fatos podemos ter uma diminuição na credibilidade do pensamento negativo (disfuncional), resultando numa intensidade menor da emoção ou desconforto resultante desse pensamento. 

Pensamentos automáticos são decorrentes de crenças centrais e intermediárias. As crenças centrais geralmente iniciam seu desenvolvimento na infância e são consideradas pelo indivíduo como “verdades absolutas”. São entendimentos sobre si, os outros e o mundo fundamentais e profundos que as pessoas comumente não os articulam, muito menos os questionam, mesmo que causem sofrimento e interpretações disfuncionais da realidade. As crenças intermediárias correspondem às regras, atitudes e suposições criadas pelo indivíduo a partir das crenças centrais. As crenças centrais e intermediárias surgem a partir da interação social do indivíduo com o meio. Esse processo começa nos primeiros estágios do desenvolvimento e fornece ao indivíduo uma “teoria” coerente sobre o mundo para que ele possa se adaptar a realidade. Quando essas crenças não são funcionais acarretam distorção da realidade e transtornos psicológicos como Depressão, Transtorno obsessivo-compulsivo, Fobia Social, Pânico, Ansiedade Generalizada, entre outros.

 

                          Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

                                      Psicóloga Clínica

 

Reestruturação cognitiva e formas idiossincráticas de processar informações

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Reestruturação cognitiva e formas idiossincráticas de processar informações

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Reestruturação Cognitiva e formas idiossincráticas de processar informações

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se caracteriza por ser uma abordagem focal, breve, eficaz, objetiva e empírica. Tem se demonstrado eficaz e amplamente indicada em casos de Depressão, Transtornos de Ansiedade Generalizada, Transtorno do Pânico, Transtorno Obsessivo-compulsivo, Fobia Social, Obesidade, entre outros.
A TCC também se provou eficaz no tratamento de Transtorno Bipolar, TDAH aliado a medicação, Anorexia Nervosa, Transtorno Disfórico corporal, colecionismo patológico, jogo patológico, como apoio psicológico em doenças coronarianas, câncer, enxaqueca, dor crônica, artrite reumatóide, síndrome da fadiga crônica, TPM, Síndrome do cólon irritável, Psoríase, etc.
Mais recentemente, têm sido publicadas evidências de que a terapia cognitiva pode ser um eficiente complemento no tratamento de sintomas da esquizofrenia. Um artigo recentemente publicado na Archives of General Psychiatry, por exemplo, traz o relato de um estudo randomizado onde uma intervenção de 18 meses indicou evidências de maior eficácia no tratamento da esquizofrenia. Trata-se, portanto, de um sistema de psicoterapia embasado por evidências de diversos estudos cientificamente controlados.
O cognitivismo baseia-se na hipótese de vulnerabilidade cognitiva como um modelo de transtorno emocional. Vulnerabilidade cognitiva refere-se à tendência de certos indivíduos de cometer distorções sistemáticas ao processar informações, distorções que os predispõem a transtornos emocionais.
A Terapia Cognitivo-Comportamental reinterpreta os elementos que geram emoção negativa. Tem como princípio básico de que não é a situação que determina as emoções e comportamentos de um indivíduo, mas sim a interpretação que o indivíduo dá a respeito dessa situação, as quais refletem formas idiossincráticas de processar informação.
Ao longo de nossas histórias de vida, formamos diferentes estruturas de significado (esquemas) que por sua vez influenciarão a maneira como interpretaremos a realidade e formaremos novos esquemas. A terapia cognitiva afirma que os esquemas disfuncionais resultantes desta história de vida são comuns a todos os transtornos mentais e que a modificação destes esquemas costuma resultar em mudanças de humor e de comportamento das pessoas.
O modelo cognitivo pressupõe, portanto, que a maioria dos transtornos psicológicos, tem origem na forma distorcida que cada um percebe os acontecimentos, sendo que essa influencia o afeto e o comportamento da pessoa. O que não significa que sejam os pensamentos que causam os problemas e sim que eles modulam e mantêm emoções disfuncionais que independem de sua origem. (RANGÉ, 2001).
Segundo Beck, a interpretação que cada um faz dos fatos se baseia na história de vida de cada um, nas suas experiências e vivências, assim como as crenças que temos a respeito de nós mesmos, sobre o mundo e os outros, determinando o nosso modo de pensar e agir (BECK, 1997).
A terapia trabalha com três níveis de pensamento: o pensamento automático, as crenças intermediárias ou subjacentes e as crenças centrais.
Os pensamentos automáticos são espontâneos e fluem em nossa mente a partir dos acontecimentos do dia-a-dia, independente de deliberação ou raciocínio. Podem ser ativados por eventos externos e internos, aparecem na forma verbal ou imagem mental. É o nível mais superficial da nossa cognição. São idéias e conceitos a respeito de nós mesmos, das pessoas e do mundo. São aceitas passivamente, sem grandes questionamentos, são mantidas e reforçadas sistematicamente (RANGÉ, 2001).
As crenças intermediárias correspondem ao segundo nível de pensamento e não são diretamente relacionadas às situações, ocorrendo sob a forma de suposições ou regras. Derivam e reforçam as crenças centrais.
As crenças centrais constituem o nível mais profundo da estrutura cognitiva e são compostas por idéias absolutistas, rígidas e globais que um indivíduo tem sobre si mesmo.
As crenças nucleares são nossas idéias e conceitos mais enraizados e cristalizados acerca de nós mesmo, dos outros e do mundo, são constituídas desde as nossas experiências ainda na infância e se solidificam e se fortalecem ao longo da vida, moldando desta maneira o jeito de ser e agir do ser humano. O que não é modificado ou corrigido em fase desadaptativa, tratando-se de crenças disfuncionais, podendo chegar à fase adulta como verdades absolutas (KNAPP. 2004).
A Reestruturação cognitiva refere-se à reformulação do sistema de esquemas e crenças do paciente através da intervenção clínica que, entre outras técnicas, utiliza-se do questionamento socrático a fim de desafiar esquemas e crenças disfuncionais, os quais, ao longo do desenvolvimento do paciente, tornaram-se rígidos e super-generalizados.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Ribeirão Preto

Catastrofizar: esperar pelo pior

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                                                        Catastrofizar: esperar pelo pior

Existe um personagem de história infantil chamado Chicken Little, muito conhecida por quem estudou inglês na infância ou adolescência que conta a história de um galinho, atingido por uma noz que caiu na sua cabeça, reagindo com tal alarde, gritando desesperadamente que o céu estava caindo sobre sua cabeça. Conta a história que  o galinho provocou na bicharada uma grande confusão e rreria. Na verdade Chiken Little contaminou toda população dos bichos com seu exagero. Seu medo fez com que aceitasse a proteção da raposa que acabou por devorá-lo. Este tipo de comportamento transposto para os humanos tem um nome em psicologia: Catastrofização.

Catastrofização (anglicismo-catastrophizing) é a espera pelo desastre, remoendo o mantra “e se…”. “Meu Deus, e se ele não ligar? E se eu não conseguir o emprego? E se meu salto quebrar? E se esfriar ou chover? E se fizer sol? E se não der certo? E se o avião cair? E se o mundo acabar?” E se…E se,,,E se…

Muitas pessoas vivem em constante “E se…” como se quisessem antecipar o futuro. Tal comportamento, quando recorrente pode levar a grande nível de ansiedade, na medida em que a pessoa preocupa-se demais com as coisas que estão por vir, deixando de viver o presente.

Prevendo o futuro de maneira ruim, as pessoas sofrem por antecipação e começam a buscar soluções para aquilo que imaginaram em suas mentes, o que gera desgaste, estresse e ansiedade.

Como o próprio nome sugere, catastrofizar significa superestimar as conseqüências negativas de determinado comportamento, ou situação tornando-os verdadeiras catástrofes. É acreditar que o que aconteceu ou irá acontecer será terrível e insuportável. Este comportamento é mais freqüente do que parece, sobretudo, em pessoas muito ansiosas.

A palavra “Catástrofe” nos remete a desastre, algo ruim, tristeza, desgraça. O dicionário define como desgraça pública, calamidade, flagelo, que pode ser efeito da natureza ou provocada.

Catastrofizar traz um grau de sofrimento significativo para o individuo, envolve a previsão ou antecipação de evento extremamente aversivo, o que provoca um aumento ainda maior do nível de ansiedade já existente. Com níveis de ansiedade elevados, aumenta as chances de a pessoa correr riscos, cometer erros, o que pode alimentar  ainda mais a idéia de uma catástrofe iminente.

As pessoas são levadas a sérias pré-ocupações, onde o sofrimento antecipado leva a pessoa a se esquivar das situações a qual suspeita que possa sofrer algum tipo de avaliação ou julgamento.

A catastrofização envolve algum histórico de aprendizagem, ou seja, em determinado momento da vida a pessoa “aprendeu” a catastrofizar.

Esse tema me chamou a atenção quando uma paciente me contou muito assustada que seu estomago estava todo perfurado, eu então lhe perguntei: mas dona Maria (nome fictício) como assim? E ela respondeu como se esperasse de mim a alguma reação extraordinária: o médico disse que eu tenho que tomar muito cuidado pois estou com inúmeras úlceras e que ele não está nem pensando em me operar. E com toda convicção afirmou: doutora, pelo que o medico disse, isso pode virar um Câncer.

Quem apresenta este tipo de comportamento provavelmente conviveu com pessoas que demonstravam medo de situações cotidianas e as transformavam em situações ameaçadoras, aprendendo que o mundo é muito hostil e perigoso. Em outras palavras, a catastrofização envolve algum histórico de aprendizagem, pessoa “aprendeu” a catastrofizar.

Sabemos que o medo nos paralisa ou nos leva a fugir das situações que imaginamos como ameaçadora, assim, os indivíduos “catastróficos” tendem a perder muitas oportunidades, prejudicam sua vida social, desenvolvem doenças psicossomáticas e Transtorno Psicológicos.

Nem sempre será possível impedirmos que coisas ruins nos aconteçam. Mas é possível evitar vê-las piores do que são.

Todos nós temos as chamadas distorções cognitivas, que são expressas em pensamentos automáticos disfuncionais. Dentro da teoria da mente como processamento da informação, nossos esquemas distorcem a realidade para que esta se torne condizente com nossas crenças. Nesse sentido, a psicoterapia cognitiva constitui-se importante recurso para ajudar pessoas a desconstruir este aprendizado e a lidar com os pensamentos catastróficos.

 

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica