Conhecemos muito pouco a respeito do nosso próprio comportamento. Pelo fato de termos acesso privativo aos próprios pensamentos e sentimentos, acreditamos possuir conhecimentos profundos dos porquês dos nossos comportamentos. Contudo, esse tipo de conclusão não tem recebido suporte científico. Freud foi um dos primeiros pensadores a apontar o quanto da motivação humana permanece obscura à própria pessoa e sugeriu que tornar consciente essas motivações seria um passo importante para o estabelecimento de uma vida saudável.
O autoconhecimento é adquirido, aprimorado e influenciado de acordo com a observação e a percepção que o indivíduo faz da sua história de vida. O problema é que nem sempre as pessoas conseguem fazer essa auto-observação e isso pode gerar sofrimento por desconhecimento das razões de seu agir, pensar e sentir, e conseqüente sensação de vazio, raiva e frustração.
A psicoterapia é um processo de autoconhecimento que promove um maior desenvolvimento da percepção que o indivíduo tem dele mesmo, de seus comportamentos, pensamentos e sentimentos.
O desejo de conhecer mais sobre nós mesmos geralmente nos remete a experiências da infância, vividas com nossos familiares mais próximos. Muitas lembranças são prazerosas, algumas podem vir acompanhadas de dor e angústia. Portanto, este é um processo temido por muitos, e várias são as manobras que utilizamos para evitar contato com nosso mundo interior.
No entanto, reflexão e autoconhecimento são armas poderosas para resolver conflitos emocionais. A maior vantagem do autoconhecimento é que ele permite que o indivíduo encontre as reais causas das suas dificuldades possibilitando-lhe tomar atitudes para transformá-las. Por ser um processo temido, várias são as manobras conscientes e inconscientes, utilizadas pelo ser humano para evitar o contato com seu mundo interior. Os caminhos de alienação de si próprio são os mais diversos. Alguns evitam encarar sua realidade trabalhando o tempo todo, outros adoecem, outros comem ou gastam compulsivamente. Tudo isso para não ter tempo de olhar para si mesmo. Pessoas que não refletem sobre sua própria vida, distanciam-se cada vez mais de seus reais sentimentos, agem automática e impulsivamente, caminhando sem saber para onde.
Muitos preferem levar a vida sem muitos questionamentos, pois analisar as próprias atitudes e comportamentos demanda coragem, sobretudo, quando se constata a necessidade de mudança, é como mexer num vespeiro. Dessa forma, evitam entrar em contato com seus sentimentos mais profundos, até como forma de defesa, temendo machucar-se.
O autoconhecimento nada mais é do que o antigo axioma ensinado por Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. Significa ter consciência de si mesmo, percepção dos próprios sentimentos, conhecer o sentido da própria vida, fazer uma avaliação realista das próprias capacidades de modo a desenvolver o auto-encontro gerador da auto-estima e autoconfiança.
Inteligência emocional é justamente esta capacidade de percepção dos próprios sentimentos a partir da qual, aprendemos a lidar com eles, dominando-os quando negativos, desenvolvendo-os quando positivos, de modo a se conquistar o equilíbrio emocional. Esse equilíbrio nos permite a motivação para uma vida mais harmonizada.
Pensadores, filósofos e pesquisadores têm debatido sobre a importância de o indivíduo conhecer a respeito do seu próprio comportamento, ou seja, como alcançar o autoconhecimento e o quanto este é relevante para a garantia de sua saúde mental.
A Psicologia é uma área do conhecimento que busca encontrar a resposta para essas questões por meio de método científico. Por este motivo, quando se deseja alcançar um grau mais profundo de autoconhecimento, recomenda-se a psicoterapia. Este processo é um recurso relevante para a produção das mudanças desejáveis, um caminho para compreensão dos motivos conscientes e inconscientes que nos leva a agir desta ou daquela maneira.
Profª. Drª. Edna Paciência Vietta
Psicóloga/Clínica