Arquivo mensal: junho 2012

DOR É UMA SÓ: é a dor

Padrão

Segundo Breton (1995), a dor, como as doenças, não são apenas manifestações universais de processos orgânicos, mas construções simbólicas que variam conforme os contextos socioculturais e a própria subjetividade do doente.

Pela vertente psicológica, a concepção de dor pode ser enfaticamente concebida como uma experiência perceptiva, sensível, cuja qualidade e intensidade são influenciadas pela singularidade, história de vida e significado atribuído pelo indivíduo à situação produtora de dor, das condições físicas e emocionais e pelo seu estado de espírito do momento.

A Psicologia não diferencia a dor, a não ser por sua causalidade; dor é dor. Parafraseando o poeta Fernando Pessoa, como negar que é dor “a dor que deveras sente?” pela perda, culpa, remorso, traição, injustiça, ingratidão?

Pensada ontologicamente, a dor pode ser definida como a conscientização da certeza da transitoriedade da existência, o medo da eminência de perda de controle sobre a vida, o sinal de fragilidade e impotência humana, diante da certeza da finitude. A dor coloca o homem em conflito com a possibilidade do não-ser.

A dor moral não se aloja em nenhum órgão, não deixa vestígios tissulares, não é palpável, não inflama, mas existe, é pungente, é sentida, quebranta a alma, arrasa, dificulta nossa faculdade de raciocinar sobre coisas tangíveis e intangíveis.

Assim posto, o estudo, avaliação e compreensão da dor e do sofrimento não são passíveis de serem estudados somente através de métodos positivistas, ainda que estes possam nos trazer alguma luz para o seu entendimento.

Aqui, questionamos até que ponto o paradigma newtoniano-cartesiano, sob a égide e pretensão de objetividade científica, onde a natureza funciona como um relógio, nossos corpos sentidos de maneira mecânica e nossa dor e sofrimento tratado orgânica e mecanicamente, não foi a base da desumanização da Ciência, da Tecnologia, da Saúde e do Ser Humano?

Todo pragmatismo, ambição desmedida, consumismo exagerado, arrogância do poder, a inversão dos valores humanos mais elevados não seria resultado desta visão de mundo, na qual o homem é visto como máquina, fragmentado e separado da natureza?

Não podemos desconsiderar que o método analítico cartesiano foi um recurso inestimável e fantástico da evolução da ciência e para o desenvolvimento do mundo moderno; porém, é igualmente inegável suas conseqüências para o descaso dos sentimentos mais íntimos do ser humano.

Embora as diferentes definições de dor nos remetam a traços comuns, como o caráter de subjetividade, a natureza sensível, a condição de desprazer, ainda assim deixam muito a desejar, constituindo-se ainda em uma grande incógnita.

A experiência dolorosa tem forte relação com o nível de dor e a atitude básica do ser humano perante a vida. Por exemplo, aspectos negativos decorrentes de uma falha pessoal, quando não esquecidos “pesam na alma”, constituindo-se num remanescente perturbador, enquanto não reparado ou aliviado através de algum tipo de punição. A pessoa que experimenta a dor como punição, mesmo que aceite procurar ajuda profissional, pode não aderir ao tratamento, recusando-se consciente ou inconscientemente a seguir a conduta médica estabelecida. O fato é que o ser humano participa de forma ativa ou passivamente do processo de adoecer.

O entendimento pelo profissional desta concepção moral da dor e do sofrimento e de seu lugar estruturante na experiência da dor e do sofrimento é decisivo e não deve ser ignorado. É importante estar alerta para os possíveis significados defensivos da dor e do sofrimento, de modo a se compreender as funções da dinâmica, origem e desenvolvimento da metapsicologia de seu simbolismo e sua representação no aparelho psíquico.

Enquanto a abordagem psicológica humanista constata o quanto o cuidado, o acolhimento, a aceitação, a palavra de conforto, a esperança, a fé, a atenção, o olhar terno, sincero, carinhoso e o toque atenuam o sofrimento, amenizam a dor, acalmam o espírito, a neurociência constata que os mecanismos de ação de tais intervenções são capazes de estimular no organismo humano produzir analgésicos endógenos, substâncias naturais, com grande poder anestésico.

É preciso reencontrar o elo perdido, juntar fragmentos, unir forças, rever valores, preservar nossa singularidade, olhar o ser humano em sua totalidade, apreender uma visão de mundo totalizador, tornar o ser humano mais consciente, mais sadio, mais livre, menos normótico.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

Depressão Típica e Atípica

Padrão

A Depressão pode se manifestar como Depressão Típica ou Depressão Atípica.

Depressão Atípica é uma maneira disfarçada da Depressão se apresentar. Isso acontece, normalmente, naquelas pessoas que não se permitem sentimentos sem motivos e, apesar de já terem ido a muitos consultórios médicos com as mais variadas queixas (físicas, emocionais ou psicossomáticas) e de terem feito inúmeros exames, continuam achando que a medicina ainda não conseguiu descobrir a causa de seus problemas.

Outra forma de manifestação da depressão Atípica é Distimia: um transtorno mental que se manifesta por mau humor por meio de uma espécie de rabugice que parece eterna. Lembra muito o estado de espírito do Hardy Har Har, a hiena de desenho animado famosa por viver resmungando “Oh dia, oh céu, oh vida, oh azar”. A pessoa distímica costuma procurar ajuda só quando a doença já evoluiu para um quadro depressivo grave. Essas pessoas aprendem a funcionar irritadas. Acham que, por parecer um traço de personalidade, nada pode ser feito.

Trata-se de um subtipo depressivo crônico que costuma aparecer já na adolescência ou mesmo na infância. Mas tem um quadro de evolução lenta, sintomas difíceis de serem percebidos e diagnosticados Além disto seus sintomas são menos evidentes do que os da depressão severa.

A Distimia pode deixar o indivíduo com a sensação de que este é o seu jeito normal de ser, com dizeres como “sempre fui desse jeito “. Há, portanto, uma perda de autocrítica quanto à doença, o que, somado ao baixo interesse em várias áreas da vida, pode levar ao isolamento ou a uma vida limitada, com poucos relacionamentos sociais, inclusive dificuldades profissionais e familiares.

A Distimia foi reconhecida pela medicina nos anos 80, é uma forma crônica de depressão, com sintomas mais leves. “Enquanto a pessoa com depressão grave fica paralisada, quem tem distimia continua tocando a vida, mas está sempre reclamando”.

Devido ao fato da afetividade depressiva não permitir uma visão mais positiva da realidade, os distímicos insistem sempre em considerar equivocadamente que a maneira negativa e sombria de perceber as coisas do mundo é uma maneira realista de viver.

O transtorno distímico é compatível com um funcionamento social relativamente estável, embora precário. Muitos pacientes distímicos investem a energia que têm no trabalho, nada sobrando para o prazer e as atividades familiares ou sociais, o que favorece atrito conjugal característico.

A dedicação ao trabalho por parte dos portadores de transtorno distímico pode representar uma supercompensação, constituindo uma defesa em sua batalha com a desorganização e a inércia. Kraepelin descreveu esses indivíduos: “A vida, com sua atividade, é um fardo que eles habitualmente carregam com resignação submissa, sem serem compensados pelos prazeres da existência”. Segundo observação clínica o Distímico só busca ajuda quando algo muito grave (muitas vezes irreversível) já ocorreu em sua vida conjugal, familiar, profissional ou social. Por apresentar uma personalidade perfeccionista e detalhista costuma achar qualquer tratamento ineficaz, resistindo muito em aderir ao mesmo. O Distímico  acentua tanto os aspectos negativos da vida que os positivos passam despercebidos e sem importância. Por sua postura pessimista, crítica e exigente e inflexível, taciturno, introvertido, ultra-escrupuloso, não alimenta expectativas positivas em relação ao processo psicoterápico o que dificulta a intervenção

Depressão Típica, por sua vez, se manifesta com todos os sintomas emocionais típicos, tais como apatia, desinteresse, tristeza, desânimo, etc.

A Depressão pode ser entendida como um estado afetivo rebaixado. Portanto, o que mais se constata na Depressão Típica é um cansaço ou inibição das atividades físicas e psíquicas tal como se houvesse uma perda de energia geral. Para as pessoas deprimidas todas as atividades parecem mais cansativas, difíceis e tediosas. Há um comprometimento do ânimo geral para tudo, inclusive para as atividades que deveriam dar prazer.

Não se conhecem ainda as causas da depressão. Várias são as teorias, entretanto, baseadas em observações e evidências científicas: a Teoria genética para qual alguns tipos de depressão são mais freqüentes em determinadas famílias, sugerindo que a vulnerabilidade biológica (isto é, a propensão ou sensibillidade do organismo à doença) seja transmitida geneticamente. História familiar de mania, depressão e alcoolismo aumentam a probabilidade de ocorrência de depressão. O fator genético é mais evidente para a depressão bipolar que para a unipolar; a Teoria psicodinâmica cuja evidência é a de que pessoas com baixa auto-estima, pessimistas ou muito sensíveis a stress são mais propensas à depressão. Não está claro se isso representa uma predisposição psicológica ou se tais manifestações seriam uma forma inicial da doença; Teorias biológicas – o cérebro humano vive constantemente uma fantástica ciranda de impulsos nervosos em todas as direções, um mecanismo da impressionante complexidade que tem como resultado o pensamento, a ação, locomoção, manifestação de alegria ou de preocupação.

Quimicamente, a depressão é causada por um defeito nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios como a serotonina e endorfina, que dão a sensação de conforto, prazer e bem estar. É uma disfunção que ocorre na transmissão dos impulsos de uma célula nervosa para outra. Nesse caso, os neurotransmissores, como a noradrenalina e a serotonina – substâncias químicas usadas na comunicação entre os neurônios existem em quantidades alteradas. A depressão nesta teoria é decorrente de um funcionamento alterado das células neuronais que compromete o estado emocional e físico do indivíduo.

Existem ainda, outros sinais que podem indicar depressão como: Dores crônicas; dores tipo enxaqueca; dores na coluna e fadigas persistentes podendo ser estes os únicos sintomas claramente percebidos. Neste caso a depressão é comumente chamada de “mascarada”.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

Referências da Autora

Padrão


 

                                Psicóloga / Ribeirão Preto/ terapia Cognitivo-Comportamental

 

                                                                 Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

                                                                                    CRP-06/65132

 

                                                     Formada pelas FFCLRP-USP / EERP-USP

 

                                  Profa. Titular (Phd) aposentada da Universidade de São Paulo

 

                                 Referências


http://lattes.cnpq.br/8382263964073290

 

http://www.psicomundo.com/directorio/usuarios/ver/id/23

 

http://ed23.my1blog.com/

 

http://ednavietta.blogspot.com/

 

http://www.itcbr.com/profissionais/viettaed23729.shtml

 

Abordagem: Psicoterapia Breve – Cognitivo-Comportamental;

                                   

Transtornos de Ansiedade; FobiaSocial,  Transtorno Obsessivo-Compulsivo Síndrome do Pânico, Tricotilomania Compulsões, TDAH ( Adolescentes e adultos); Depressão Transtorno Bipolar e outros Transtornos.

 

Atendimentos: Adolescentes (a partir de 16 anos); Adultos.

 

Terapia Individual e de casal (homo e heterossexual),

 

Supervisão individual e grupal: Profissionais recém-formados ou interessados da área da Saúde e Psicologia para atuação Clínica e profissional.

 

                                                                         

                                                         Endereço: rua: Olavo Bilac, 805. Vila Seixas,

                                                                              Ribeirão Preto – SP-Brasil

                                                                                 Tels: (16) 3964 6692

                                                                      e-mail vietta@netsite.com.br