Arquivo mensal: julho 2013

Tricotilomania: mania de arrancar os próprios cabelos.

Padrão

                                           imagesjvfgvf

imagesgcvfgv

                    Tricotilomania: mania de arrancar os próprios cabelos.

       O termo Tricotilomania (TTM) resulta da combinação de três palavras gregas: trich (cabelo), tillo (arrancar) e mania (loucura ou excesso de atividade). A expressão mania pode dar uma conotação pejorativa de “pessoa louca” ou doente mental. No entanto, a Tricotilomania é classificada pelo, DSM-IV, como sendo um “Transtorno do Controle dos Impulsos”.
       O termo tricotilomania (TTM) foi usado pela primeira vez pelo médico francês François Henri Hallopeau em 1889, na descrição de caso de um paciente que arrancava o próprio cabelo. Pode ser considerada como uma superposição do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), porém é mais conceituada como sendo um transtorno caracterizado pela impulsividade ou pela compulsividade.
       Tricotilomania é um distúrbio crônico que faz com que seu portador sinta um desejo incontrolável de arrancar seus próprios cabelos, sendo os locais mais freqüentes o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios. Outros lugares como barba e pêlos pubianos também podem ser afetados. O início pode ocorrer na infância ou adolescência e continuar ao longo da vida. Ansiedade e depressão frequentemente acompanham o quadro.
       Freqüentemente, os pacientes com Tricotilomania apresentam outros comportamentos impulsivos como onicofagia (roer unhas), arrancar cutícula, contrair a face,, morder as juntas dos dedos, chupar o dedo polegar, bater no rosto, mastigar ou morder a língua, bater a cabeça na parede, beliscar, morder ou torcer os lábios e balançar o corpo.
       A tricotilomania é uma doença compulsiva onde as pessoas tendem a arrancar os cabelos ou os pelos do corpo de maneira crónica e compulsiva. Circunstâncias estressantes freqüentemente aumentam esse comportamento, mas ele também ocorre em estado de relaxamento ou distração (por exemplo, assistindo televisão ou lendo um livro). Um sentimento de tensão aumentada está presente imediatamente antes do ato de arrancar os cabelos e há um alívio após o comportamento. Para alguns, a tensão não precede necessariamente o ato, mas está associada com tentativas de resistir a esse anseio. Alguns indivíduos experimentam uma sensação “tipo coceira” no couro cabeludo, que é aliviada pelo ato de arrancar os cabelos.
       A Tricotilomania tem sido matéria de estudo de diferentes especialidades da área de saúde como a dermatologia, psiquiatria, psicologia, gastroenterologia.
       O arrancar o cabelo na Tricotilomania não é em resposta aos pensamentos obsessivos mas um irresistível desejo e a gratificação (o alívio) ao arranca-lo. Ao contrário de pacientes com TOC, cujos sintomas mudam ao longo do tempo em termos de incidência e gravidade ( lavar as mãos, verificar se desligou o fogão, se trancou a porta, etc.), na tricotilomania normalmente estão presentes apenas o arrancar o cabelo, sem evolução para rituais compulsivos.
       Comportamentos de examinar a raiz do cabelo, arrancá-la, marcar mechas entre os dentes ou tricofagia (comer cabelos) podem ocorrer tendo como conseqüências a formação de bezoares gastrintestinais que podem causar obstruções, sangramentos, perfurações, além de enteropatias, pancreatites, apendicites, icterícia obstrutiva entre outras.
        Daí, a Tricotilomania ser matéria de estudo de diferentes especialidades da área de saúde como a dermatologia, psiquiatria, psicologia, gastroenterologia.
       Os efeitos deste transtorno nas vidas destas pessoas são bastante severos como, sentimento de vergonha, de humilhação, de solidão, baixa autoestima. Muitos deles podem ter que recorrer a perucas, arranjos de cabelo elaborados, chapéus ou bonés. Além disso, se isolam ou evitam ir a eventos sociais, familiares, ter relacionamentos íntimos, problemas na escola, e até mesmo no trabalho.
       O tratamento indicado é a associação entre psicoterapia Cognitivo-comportamental e medicamento. No entanto, sabe-se que o tratamento não leva a cura. Além disso, o potencial para reincidência está sempre presente. A limitação principal de medicamentos é que embora apresentem bons resultados para alguns indivíduos, não são todas as pessoas que se beneficiam deles. A base para um tratamento bem sucedido de Tricotilomania está no estabelecimento de um bom nível de rapport e a colaboração entre o cliente e terapeuta.
       Obviamente, é importante que o cliente se torne engajado e ativo desde o início da terapia. Pode-se ajudar o cliente orientando e fornecendo uma base racional para o tratamento.

                                              Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                                  Psicóloga Ribeirão Preto

Transtorno de humor Bipolar: importância do diagnóstico diferencial

Padrão

imagesfdr

            Transtorno de Humor Bipolar: importância do diagnóstico diferencial
         Transtorno de Humor Bipolar é uma doença psiquiátrica caracterizada por alternância de fases de depressão e de exaltação ou euforia. Quando eufórica, a pessoa apresenta modificações na forma de pensar, agir e sentir. Vive num ritmo acelerado, assumindo comportamentos extravagantes consumindo tudo o que vê pela frente. O Bipolar é uma doença recorrente, crônica e grave que causa impacto significativo na qualidade de vida dos pacientes, além de causar grande carga emocional para seus familiares, amigos e colegas de trabalho.
          Em geral é normal a pessoa ficar alegre, até eufórica, com uma promoção no emprego, uma conquista amorosa, o nascimento de um filho e outras situações agradáveis. Também é esperado que a pessoa normal experimente tristeza e sofrimento depois de um rompimento amoroso, uma doença ou morte de pessoa querida, a perda do emprego, situações envolvendo dificuldades financeiras, etc. Isso não tem nada a ver com Transtorno Bipolar.
         Na verdade, é comum ao ser humano apresentar alguma alteração de humor, nosso humor não é constante, variando de acordo com as situações que vivenciamos no dia-a-dia. Em alguns dias estamos mais tristes e em outros mais alegres. O que diferencia uma pessoa com Transtorno de Humor Bipolar daquela com flutuações normais do humor é a intensidade destas oscilações. Assim, devemos levar em conta que este distúrbio não consiste apenas de meras “altas e baixas oscilações de humor”.
         Mudanças de humor no Distúrbio Bipolar são mais extremas e mais duradouras que aquelas experimentadas pelas demais pessoas. É na diferença de freqüência, desproporção e inadequação entre as circunstâncias e o tipo de reações manifestas diante de fatos e situações ambientais que podemos apreender os sinais da presença do Transtorno. Por exemplo, a pessoa está alegre e eufórica, quando nada ao redor justifica tais sentimentos. Seus pensamentos ficam acelerados e desorganizam-se de tal modo que os assuntos surgem em tumulto e é difícil acompanhar sua linha de raciocínio, a pessoa torna-se inadequada, faz observações inoportunas, e causa desconforto no ambiente.
          Para quem tem Distúrbio Bipolar, momentos de estabilidade podem ser raros, mas, também, podem variar muito em freqüência e intensidade.
          Na oscilação de fases entre Depressão é Euforia pode haver momentos de estabilidade (Eutimia) onde o paciente pode se apresentar de forma natural. O paciente Bipolar pode, ainda, apresentar somente episódios de depressão ao longo da vida (daí o problema do diagnóstico) ou somente episódios de euforia (o que, às vezes, leva os familiares a achar que tais reações são próprias da personalidade do indivíduo).
          Há estudos que inclui na transição entre as fases de Mania e a Hipomania, a fase de Hipertermia, uma forma de mania mais leve que as outras duas (ânimo um pouco acima do normal), também, inadvertidamente, confundida com extroversão ou algo próprio da pessoa.
          Podemos identificar, ainda, dentro do quadro de humor bipolar, um espectro entre vários níveis ou graus de Manias (euforia) e Depressão.
          Numa linguagem mais simples: existem estados de humor “intermediários”, e talvez, únicos para cada paciente, isto é, nem todo paciente Bipolar irá ter oscilações profundas e completas do humor (num extremo entre mania e depressão), podendo oscilar, entre severa Mania a Hipomania e entre moderada Depressão e severa Depressão.
          Eventualmente o portador desse Transtorno pode apresentar um único episódio de bipolaridade durante toda vida.
          O diagnóstico diferencial pode ser particularmente difícil em situações de episódios depressivos em indivíduos hipertímicos e episódios mistos com predomínio de sintomas depressivos.
          Quando não diagnosticado adequadamente o paciente Bipolar, corre risco de suicídio e maior número de hospitalização. Portanto, a diferenciação entre episódios depressivos unipolares e bipolares é importante, pois o tratamento da depressão bipolar inclui, necessariamente, o uso de estabilizador de humor, pelo risco de ciclagem para mania e de possível piora no curso e prognóstico da doença.  
   
                              Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                         Psicóloga  Clínica