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Fibromialgia e Psicoterapia

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A Síndrome de Fibromialgia (SFM) é a presença freqüente de dores musculares acompanhada de cansaço. É considerada uma Síndrome porque engloba um conjunto de sintomas que podem ocorrer simultaneamente. Trata-se de síndrome complexa, crônica e embora se manifeste como doença articular, ela não é inflamatória como a artrite e não causa deformidades, porém, se não tratada adequadamente pode tornar-se incapacitante. Manifesta através de dor crônica que é o principal sintoma, cuja intensidade varia de moderada a severa, podendo iniciar-se em uma região, particularmente nos ombros e pescoço, manifestando-se também em outros pontos do corpo. Afeta principalmente músculos e seus locais de fixação nos ossos. É uma forma de reumatismo de tecidos moles ou musculares e se refere à dor e rigidez, associadas às juntas, músculos e ossos.

Os critérios do Colégio Americano de Reumatologia envolvem, basicamente, o conceito de dor crônica generalizada, cefaléias severas, fadiga e dor cervical (entre outros) – além de sensibilidade ao toque digital em pelo menos 11 de 18 pontos de tendões ao longo do corpo. Fatores psicológicos e comportamentais estão sempre presentes, a ponto de se questionar se realmente Fibromialgia deve permanecer no campo da reumatologia ou da neuropsiquiatria.

Pacientes com Fibromialgia apresentam sintomas associados com: distúrbios do sono, dores de cabeça, fadiga, sensação de edema, formigamento nos membros superiores e inferiores, dificuldade para memorizar, falta de atenção. Geralmente é acompanhada por quadro depressivo, Disfunção na Articulação Temporomandibular, sintomas sugestivos de Síndrome do Cólon Irritável, bem como sintomas gástricos como dor abdominal e dificuldade de digestão, rigidez no corpo, particularmente ao levantar após períodos de longo repouso.

O paciente não apresenta nenhum tipo de alteração em exames laboratoriais. Por isso, seu diagnóstico depende principalmente das queixas ou sensações que o paciente relata. Seu portador sofre muito, sobretudo, por serem consideradas pessoas queixosas. Algumas pessoas podem olhar estes sintomas como imaginários ou desprezíveis.

O diagnóstico de Fibromialgia se baseia nas queixas de dores difusas associadas a uma sensibilidade aumentada em pontos específicos do corpo chamados de Pontos Dolorosos ou Tender-Points. São 18 os pontos, ou 9 pares, e pelo menos 11 devem ter reação dolorosa quando pressionados.

As pessoas descrevem a dor fibromiálgica como ardência, rigidez, pontadas e/ou fisgadas. A dor varia em intensidade e localização em função do tipo de atividade, do clima, da qualidade do sono, do estresse.

Cerca de 90% das pessoas com Fibromialgia sentem fadiga de moderada a severa, com perda da energia, diminuição da resistência aos exercícios físicos, podendo apresentar fadiga semelhante à de outra condição chamada Síndrome da Fadiga Crônica. O estágio de sono profundo pode estar interrompido e o paciente dorme superficialmente ou acorda muitas vezes durante a noite. Estudos têm mostrado que a ruptura no sono profundo altera muitas funções cruciais do organismo, incluindo a percepção da dor. Outros distúrbios do sono, incluindo Apnéia, Mioclonia e Síndrome das Pernas Inquietas são também comuns em paciente fibromiálgicos.

Mudanças no humor e na maneira de pensar são comuns na fibromialgia. Muitos sentem desânimo, outros manifestam ansiedade, porém grande porcentagem desses pacientes está verdadeiramente deprimida.

A forma como uma pessoa pensa ou reflete a respeito da sua dor parece ser fator a ser considerado. Os níveis da dor generalizada são bem maiores nas pessoas com pensamentos negativos ou catastróficos. Daí a terapia Cognitivo-Comportamental ser a abordagem considerada eficaz. Medicamentos que aumentam os níveis de serotonina e norepinefrina ou diminuem os neurotransmissores excitatórios são eficazes em alguns pacientes – daí, o uso de antidepressivo ser indicado como parte do tratamento.

Na verdade, inúmeros fatores, isolados ou combinados, podem desencadear a Fibromialgia, como: doenças infecciosas, traumas físicos ou emocionais, alterações hormonais, infecção, perda de pessoa queridas, mudanças de emprego, aposentadoria, menopausa. É comum o paciente informar que a síndrome teve início após alguns desses eventos. O tratamento deve ser de natureza multiprofissional com acompanhamento psicoterápico, sobretudo, voltado para mudanças no estilo de vida.

Muitos pacientes com Fibromialgia podem fazer uso abusivo de analgésicos, antiinflamatórios e a automedicação pode ser um procedimento perigoso, envolvendo risco de dependência.

A psicologia possui técnicas e procedimentos que podem ajudar no alívio de sintomatologia, melhorando a qualidade de vida destes pacientes.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

                           Psicóloga Clínica