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Procrastinação: empurrar com a barriga

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                Procrastinação: empurrar com a barriga

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  Procrastinar é uma das grandes causas de insucesso acadêmico, fonte de muito sofrimento e conflitos, porque a inércia incomoda as pessoas ao seu entorno, sobretudo, familiares que acabam mantendo cobrança constante sob o procrastinador. Procrastinar é adiar sucessivamente uma tarefa ou decisão. A pessoa fica dividida entre o dever e o laser ou ócio, porém se mantém acomodado, ou seja, continua adiando a iniciativa em fazer o que tem que ser feitor, embora se sinta culpada e estressada com culpa e cobranças. Não estudar para um exame que vai acontecer daqui a cinco dias, não estar preparada e ficar tranqüilo e relaxada assistindo televisão ou passeando pelo shopping sem se importar ou não se sentir culpada por isso, então ela estará procrastinando. As pessoas que adiam atividades fazem coisas como deixar o quarto a um estado de desorganização incontrolável, empilhar a louça na pia da cozinha, deixar de ir ao médico porque vai perder tempo, desistir de terminar a leitura de bom livro, deixar de iniciar um trabalho, etc. O comportamento de procrastinação é desenvolvido ao longo da história de vida do indivíduo e se torna um hábito. Em sua dinâmica de vida, devido às freqüentes repetições deste comportamento e possíveis conseqüências positivas (não sentir desconforto), a pessoa adquiriu um hábito comportamental. Os procrastinadores, não sentem motivados a realizar tarefas e estão sempre dizendo que o farão depois, só que esse depois é postergado, não chega nunca, simplesmente porque tarefas lhe trás desconforto ou lhes são desagradáveis ou ainda, lhe exige esforço, atenção, tempo e motivação. Os procrastinadores usam mais frases do tipo “eu devo fazer tal coisa” que as outras pessoas. Eles dizem a si mesmos “Devo começar um trabalho, já perdi muito tempo”, “Devo terminar a faculdade, não posso continuar assim”. “Devia estudar para o vestibular, o tempo está passando”. Na verdade, quanto mais afirma para si que devia fazer algo, mais difícil se torna a tomada de decisão em começar agir. Por certo o procrastinador deveria melhor banir do seu vocabulário frases do tipo: “eu preciso”, “eu devo”, e substituí-las por: “É desejável que eu faça” , “ é benéfico eu fazer”, “me é vantajoso tomar tal atitude”, essas frases sugeridas refletem melhor a razão pela qual se deve fazer algo. O procrastinador está sempre cansado, exausto, culpando o destino, a sorte ou melhor o azar. Parece que nada dá certo para ele. Seria importante atentar para suas reais responsabilidades e se conscientizar das possíveis vantagens em se fazer o que se propõe. Se pensarmos que nada lucramos em fazer algo ou se temos coisas melhores a fazer, não se terá a motivação necessária para tomada de iniciativa. No entanto, se for vantajoso, então se fará a tarefa porque se quer, e não porque “devíamos”. Vamos ao médico ou ao dentista, porque é melhor para nós, para a nossa saúde. Estudamos, porque queremos acabar um curso. Arrumamos os papéis da mesa, porque produzimos mais e melhor com mesa arrumada. Organizarmos nosso quarto, para dormirmos melhor, mais relaxado. Crenças e Pensamentos Disfuncionais, a forma como se pensa (isto é, aquilo que as pessoas dizem a si próprias) influencia a atitude face às varias tarefas de manutenção ou de desenvolvimento que se pensa realizar. Por exemplo, pensamentos como “Não consigo ser bem sucedido em nada”, “Não tenho as competências necessárias para desempenhar tais tarefa”, “não vou dar conta de realizar o que pretendo” podem levar a sentimentos de inadequação que conduzem ao adiamento. Aqueles que acreditam “veementemente” que são incompetentes nesta ou naquela tarefa (ou mesmo em geral) “estão certos” de que vão falhar e procurarão evitar a sensação desagradável de ver as suas competências testadas. Ás vezes, o procrastinador se acha competente de mais e não aceita realizar qualquer tarefa e então procrastina até encontrar essa “coisa melhor” que na verdade, não existe para ele. Existem muitos outros tipos de pensamentos disfuncionais, como acontece quando o procrastinador encara uma recaída como um fracasso total; quando sente as tarefas como esmagadoras e irrealizáveis; quando pensa que ao ignorá-las vão acabar aparecendo feitas, tipo (tupã está me ajudando) ou acabar desaparecendo por encanto ou magia; ou quando desenvolve a tendência a subestimar o tempo e o esforço necessário para realizar a tarefa, ou dificuldade em encará-la; ou ainda, quando se pensa que a motivação tem que preceder a ação – “tem que estar muito motivado para fazer algo, aparentemente menos atrativo, etc. Outro aspecto analisado na procrastinação, tanto acadêmica como na vida diária, especialmente, são as crenças falsas, como: “tenho que ser perfeito”,”é mais seguro não fazer nada do que correr o risco e falhar”, num modelo de esquiva descrito por Burka e Yuen (1991). O procrastinador assume a crença de que pessoas bem sucedidas se sentem sempre confiantes e facilmente alcançam os seus objetivos sem ter que enfrentar sentimentos de frustração, incertezas e fracassos. O sentimento de culpa aparece porque, sem conseguir controlar o próprio tempo, os procrastinadores sentem que o dia passa sem que tenham produzido o mínimo necessário. Assim, criam um caos pessoal que acaba em sentimentos depreciativos. Há casos de gente que se endivida por perder prazos de pagamentos, que fica desempregada ou passa por crises de auto-estima. Estudos de pesquisa vão ainda mais longe. Para a pesquisadora Fuschia Siroisela, a procrastinação é caso de saúde pública. Ela descobriu que aquele costume de deixar a ida ao médico para depois ou postergar a matrícula na academia causa problemas de saúde definitivos. O ato de adiar pode estar relacionado à exigência de perfeição – pessoas perfeccionistas preferem tarefas desafiadoras às fáceis de realizar. Segundo Patricia Sommers, entre uma série de variáveis que favorecem a enrolação, o medo do fracasso é a líder da lista. “Aqueles que mais têm medo de errar são os que mais procrastinam.” Na hora de botar a mão na massa, acabam adiando a realização da tarefa por medo de errar. Também pode haver, na raiz da procrastinação, um pouco de auto-sabotagem. Se achando pouco merecedor dos benefícios que a tarefa poderia lhe render, o procrastinador supervaloriza os obstáculos que o impedem de cair de cabeça no trabalho, acabando com a possibilidade de fazê-lo bem-feito. A procrastinação é também uma forma de se lidar com emoções e sintomas físicos que acompanham alguns problemas mentais, como Transtorno de Déficit de Atenção, Depressão, Ansiedade de Separação, Ansiedade Generalizada, Transtorno Bipolar ou Transtorno Obsessivo-Compulsiva. As causa são basicamente três: a genética biológica do organismo do indivíduo (neurotransmissores, hormônios, comportamentos reflexos e motores), a educação que ele recebeu, somada as suas experiências de vida, e a cultura em que ele está inserido. Nesse último caso, o Brasil não dá modelos de condutas assertivas, que envolvem organização, planejamento, autocontrole, limites e outros. Na grande maioria das vezes na infância quando as crianças são extremamente cobradas pelos pais, acreditam que não conseguirão realizar suas tarefas de modo satisfatório e acabam postergando por medo e insegurança tudo que for importante. E também o outro lado da mesma moeda, ou seja, crianças extremamente protegidas, pois acreditam que sempre alguém fará por elas. Tornando-se assim, adultos inseguros para agir quando alguém não as tiver auxiliando. Porém, o que mais explica a procrastinação é o fato do procrastinador valorizar muito mais o momento presente que do futuro, ou seja, o Carpe diem, o hedonismo, ou seja, a buscar o prazer imediato, individual, como única e possível forma de vida moral, evitando tudo o que possa ser desagradável. Quando o indivíduo não aceita fazer as coisas de forma gradual e progressiva e insiste pular etapas. Por isso, um jeito de evitar a procrastinação é mudar a forma de pensar. Enquanto problema comportamental, tal como outros problemas ligados à saúde mental, pode ser tratado com psicoterapia associados a psicofármacos. Profa Dra Edna Paciência Vietta Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto

Flexibilidade cognitiva: requisito indispensável no mundo moderno

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Flexibilidade cognitiva: requisito indispensável no mundo moderno

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                 Flexibilidade Cognitiva: requisito indispensável no mundo moderno

“É impossível progredir sem mudanças, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada” (George Bernard Shaw)

Somos aquilo que pensamos, porém algumas vezes construímos idéias irrealistas a nosso respeito. Quando nossas percepções encontram-se distorcidas, tendemos a interpretar os fatos erroneamente, emitindo idéias inadequadas ou equivocadas sobre o mundo, as pessoas e nós mesmos. Quando isso acontece com freqüência, apresentamos rigidez de pensamento, cuja tendência, é manter as coisas como elas estão (imutáveis ou acomodadas), como medida de proteção do self (eu), assumimos, então, uma posição inflexível, um padrão rígido de interpretar os fatos, a vida e os problemas.
Padrão Rígido se refere a uma “crença subjacente de que se deve fazer um grande esforço para atingir elevados padrões internalizados de comportamento e desempenho. Costuma se revelar em sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si mesmo e aos outros. Pode se manifestar como perfeccionismo, utilização de regras rígidas, intolerância, teimosia em relação à opinião de como as coisas deveriam ser, incluindo preceitos morais, éticos culturais e religiosos elevados, fora da realidade.
Padrões inflexíveis ou postura crítica exagerada estão fundamentados na crença de que grande esforço deva ser empreendido na obtenção de elevados padrões internos de comportamentos e no desempenho para evitar críticas, o que reflete em sentimentos de pressão, dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si e aos outros. Envolve significativo prejuízo do prazer, do relaxamento, da saúde, da autoestima, da realização e de relacionamentos.
Ter alta flexibilidade cognitiva significa ter capacidade para mudar e/ou produzir mudanças, ser capaz de perceber respostas alternativas para uma mesma situação ao invés de ficar preso somente ao primeiro pensamento que vier à mente (pensamento automático). É conseguir flexibilizar respostas usando a memória, percepção, pensamentos, e assim elaborar a melhor resposta de modo a se adaptar às situações diversificadas. É a capacidade de buscar interpretações alternativas para uma mesma situação.
Flexibilidade é uma palavra que vem do latim tardio “flexibilitare” e significa, em seu sentido mais amplo, capacidade de adaptação, seja a situações novas ou na superação de obstáculos.
Para que ocorram mudanças cognitivas é preciso estar aberto a novas e diferentes idéias e pessoas, provocando e desafiando pensamentos disfuncionais. Para isso se faz necessário o uso da plasticidade cerebral e da flexibilidade cognitiva.
Plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente. É, portanto, condição necessária para a aprendizagem, uma propriedade intrínseca e característica importante do cérebro sendo um forte argumento neurocientífico sobre a aprendizagem, durante “toda a existência humana”. Ninguém pode ser igual a vida toda. Uma mente inovadora e criativa é fundamental para a sobrevivência, principalmente na vida profissional.
As pessoas inflexíveis têm rigidez em quase tudo o que fazem. A começar por seus pensamentos, dificilmente aceitam outras opiniões além das suas. Sentem dificuldades em mudar, inclusive nas mudanças que a vida impõe e não estão abertas a discussões. A rigidez distorce significados e causa sofrimentos desnecessários.
A pessoa inflexível não admite mudanças, no entanto, a essência da vida é a transformação. A vida está em constantes transformações e precisamos nos adaptar a elas.
A inflexibilidade costuma destruir laços sentimentais de amizade, mesmo no seio familiar, acarretando conflitos muitas vezes irremediáveis. É também, considerada como responsável por muitos conflitos familiares: discussões, brigas e separações entre casais. A pessoa inflexível apenas enxerga suas próprias razões sem ceder um milímetro sequer às ponderações do outro. Espera sempre que os outros se adaptem a elas, sua opinião deve sempre prevalecer.
Um dos objetivos da psicologia cognitiva é reinstalar a flexibilidade no paciente, fazendo com que ele (re) aprenda a enxergar diversas possibilidades de resolução para as adversidades da vida.
Hoje em dia, ser flexível ao nível das nossas crenças e comportamentos é um requisito absolutamente indispensável para uma boa adaptação, integração e convivência familiar, social e profissional.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Clínica

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Terapia Cognitivo-comportamental

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  “As crenças que temos sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro, determinam o modo como nos sentimos: o que e como as pessoas pensam afeta profundamente o seu bem-estar emocional “ ( Beck e Kuyken, 2003)

A terapia cognitiva (TC) foi desenvolvida por Aaron Beck no início da década de 60, na Universidade da Pensilvânia, EUA. Beck tinha como objetivo investigar os mecanismos inconscientes propostos pela psicanálise para explicar o mecanismo da depressão, a partir de estudos empíricos e observações clínicas sistemáticas. Porém, resultados de suas investigações não se mostraram compatíveis com as pressuposições psicanalíticas, levando-o a buscar outros construtos que explicassem de forma satisfatória os dados empíricos observados.

Beck observou que humor e comportamentos negativos eram usualmente resulta de pensamentos e crenças distorcidas e não de forças inconscientes até então sugeridas pela Teoria Freudiana, ou seja, a depressão podia ser compreendida como sendo decorrente das próprias cognições e esquemas cognitivos disfuncionais. Observou que pacientes com depressão acreditam e agem como se as coisas fossem piores do que realmente são.

Utilizando-se da base empírica da teoria da melancolia de Freud, Beck desenvolveu estudos sobre a depressão e em 2006, descobriu que sua pesquisa invalidava conceitos psicanalíticos de depressão e que sintomas desta psicopatologia podiam ser melhor explicados através do exame dos pensamentos conscientes do paciente, no lugar de tentar trazer a tona (hipotéticos) desejos reprimidos e motivações inconscientes. A partir de então, desenvolveu um tratamento para depressão de modo a auxiliar os pacientes a solucionar seus problemas atuais, mudar seus comportamentos disfuncionais e responder de forma adaptativa a seus pensamentos disfuncionais.

As descrições dos indivíduos sobre si mesmos e de suas experiências evidenciavam pensamentos e visões negativas de si mesmos, de suas experiências de vida, do mundo e do seu futuro. Beck deu a esses pensamentos o nome de “pensamento automático”, visto que não precisam ser motivados pelas pessoas para vir à tona. Esses pensamentos são o resultado da forma do indivíduo interpretar as situações do dia-a-dia, ou seja, o que fica “gravado” como importante não é o que está acontecendo de fato, mas a interpretação que o indivíduo dá para o fato. Tais visões demonstram distorções cognitivas da realidade.

As terapias designadas de terapias cognitivo-comportamentais ou (TCC), denomina-se assim porque constituem a integração de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais.

O modelo teórico cognitivo-comportamental considera a cognição como a chave para os transtornos psicológicos, pois a cognição é a função que envolve deduções (pensamentos) sobre a experiência singular do indivíduo e sobre a ocorrência e o controle de sua percepção dos eventos.

Cognição é um termo amplo que se refere ao conteúdo dos pensamentos e aos processos envolvidos no ato de pensar. São aspectos da cognição as maneiras de perceber e processar as informações, os mecanismos e conteúdos de memórias e lembranças, estratégias e atitudes na resolução de problemas.

A psicopatologia é resultante de significados mal adaptativos que o sujeito constrói em relação a si, ao contexto ambiental (experiência) e ao futuro (objetivos), que juntos formam a tríade cognitiva. Na ansiedade, a visão de si é vista como inadequada, o contexto é considerado perigoso e o futuro parece incerto. Já na depressão, os três componentes são interpretados negativamente.

A terapias Cognitiva baseia-se no pressuposto teórico de que os afetos e os comportamentos de um indivíduo são determinados em grande medida pelo seu modo de estruturar o mundo. Isto quer dizer que a visão do mundo de uma pessoa, influencia a forma como ela pensa, sente e age.

A Terapia Cognitiva propõe que nossas emoções e comportamentos não são simplesmente influenciados por eventos e acontecimentos e sim pela forma através da qual processamos, percebemos e atribuímos significados às situações. O homem é um ser em busca constante por significados e explicações. Quando pensamos, estamos também interpretando esta realidade e a nós mesmos. A Terapia Cognitiva busca basicamente intervir sobre as cognições para modificar emoções e comportamentos disfuncionais.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica